Ozzy Osbourne, curtindo um solzinho.
Todo mundo dizia que a tal da Direita estava morta no Brasil, após levar sucessivas surras do PT e ser, em grande medida, desacreditada nos meios acadêmicos e populares. Muitas pessoas respiraram aliviadas e, após décadas na luta, se recostaram: Seria, afinal, o Século 21 o início de uma virada progressista no Brasil?
Mas eis que surge uma estudante gaúcha, no alto de seus 22 anos, com piercing no lábio e muitas ideias na cabeça(sem falar no sensacional cabelo cor-de-fogo, que... bom, pensando bem, tá mais pra cosplay de Hayley Williams) disposta à acabar com a festa da esquerda festiva-vegetariana-sexualmente-liberada-atéia-que-anda-de-bicicleta-e-compra-tudo-orgânico.
Ela é ninguém menos que a fundadora da nova ARENA. ARENA? Não, não estamos falando de uma nova modalidade do UFC, e sim do velho partido, sim, aquele da década de 60 e 70, que metia medo em todo mundo e tem algumas acusações de desrespeito aos direitos humanos nas costas.
Talvez a palavra "fundadora" seja um exagero, pois para que ocorra a Volta dos Partidos Mortos-Vivos, Cibele precisa passar ainda por vários dos estágios da Kafkiana lei brasileira de criação de partidos. O objetivo de todo esse trabalho? Promover uma revolução conservadora no país, salvá-lo da comunização, resgatar os valores da família e do cristianismo, e... impedir a realização da Copa. Ou algo assim.
Mas quem é, afinal, Cibele Baginski? O que levou ela à escolher esse caminho, quando poderia estar fazendo algo mais digno e tipicamente gaúcho, como descascar e comer pinhão na varanda de casa? Do que ela gosta na vida? Será que um comunista devorou seu irmãozinho quando era criança? A resposta dessas e outras perguntas você encontra... bom, não aqui. Aqui não é o Kibe Loco, pelo menos ainda não. Segue uma entrevista felizmente informativa e certamente recheada de insípida neutralidade jornalística, em que muitas perguntas serão respondids por essa polêmica personalidade dos anos 10.
(Na verdade, começei à fazer a entrevista ligeiramente depois de ela ficar bastante atarefada, então essa, com sorte, será apenas a primeira parte. Eu adicionarei o resto das perguntas quando forem respondidas.)
Literabyte: Olá Cibele, seja bem-vinda ao Pingue-Pongue do Literabyte. Você
talvez fique feliz em saber que é nossa primeiríssima entrevistada. A
poltrona é confortável? Quer um copo d´àgua? Brincadeira, é óbvio que
não podemos ver um ao outro e eu não vou enganar os fiéis leitores do
blog com uma piada tão simplória. Nós do Literabyte não compactuamos com
humor pós-modernista. Enfim, começemos a entrevista em si, com uma
pergunta óbvia que sem dúvida está tirando todos os meus 3 leitores do
sono: Como você teve a ideia de, por assim, dizer, "refundar" o ARENA?
Cibele Baginski: Sempre tive algum envolvimento com algum tipo de política e a busca
de formação e informação sobre esse assunto, é parte da cidadania. Não
digo que temos que gostar de políticos, no Brasil ultimamente isso tem
sido uma missão impossível praticamente, mas sim de política, temos que
saber o que acontece e porquê nesse país, em um termo simples muito
usado pelo meu pai "quero saber o que esses caras vão fazer pra ferrar a
minha vida e escolher um menos infeliz na próxima eleição se precisar
trocar", ser cidadão não é compactuar com um governo, é buscar saber o
que acontece e participar no que for possível desse processo
democrático. Fiz amigos na faculdade, fora dela, por ocasião de
leituras, jogos, gostos e outras coisas pela internet e outros eventos, e
no caso dos que encontram ideias parecidas em política, sempre
mantivemos conversas sobre a situação no país. Há mais de um ano que
tivemos a ideia de que seria necessário um partido de direita que
pudesse ser representativo para equilibrar a democracia e trazer uma
opção a muitas pessoas, mas entre conversas e experiências, não tinhamos
certeza se iriamos mesmo fazer algo do tipo naquele tempo. E nesse ano,
depois de conversarmos mais seriamente sobre o assunto do partido ser
algo importante, decidimos fazer mesmo. Estudamos os estatutos dos
outros partidos, como funcionam as coisas, como pudemos, a lei eleitoral
e de partidos políticos, pra pensar em uma forma de fazer isso
realmente dar certo e não recair nos mesmos vícios de muitas siglas por
aí que se vê. Agora pra se dizer "refundar a ARENA" em sentido estrito
mesmo, eu diria que foi uma coisa natural. Tinhamos a ideia, estávamos
nos organizando, e temos realmente, assim como a antiga ARENA várias
tendências de direita, somos literalmente aliados, e quando tivemos que
fazer uma votação pelo nome e sigla do partido (porque a opção que
tivemos em mente não poderia ser usada por haver sigla igual apesar de
nome diferente), uma das fundadoras de Olinda deu essa sugestão, e não
deu outra, essa opção foi majoritariamente escolhida. Acredito que a
forma democrática com que escolhemos essa sigla foi algo que demarcou
bem o perfil que temos, a liberdade plena de pensamento que está em
falta nesse país e desejamos estender às pessoas com uma opção aos que
não encontram uma sigla em que se sintam contemplados politicamente.
Isso colocou-nos realmente onde devemos estar na política, tomando uma
posição, demonstrando que não ficaremos encima do muro, pelo contrário,
que traremos um diferencial para a política nacional.
LB: Interessante. Mas porque fundar(ou refundar) a ARENA? Afinal, vários
dos pontos que vocês defendem são também defendidos por siglas como o
DEM. Não seria melhor se juntar à elas?
CB: O Brasil precisa de representação democrática de todas as
vertentes, e o que se vê atualmente no cenário começa na esquerda-volver
e vai até uma tímida centro-direita muitíssimo moderada, que chega por
vezes de ter vergonha de se dizer de direita. A fundação deste partido
vem para suprir a necessidade de representação de pessoas de direita que
compreendem-se nesse momento completamente sem voz na democracia tão
alardeada aos quatro ventos.
Há pontos programáticos defendidos por outras siglas, timidamente,
ou apenas documentalmente, mas temos um viés próprio ao propor a
representação forte da direita com orgulho disso, trazendo ao programa
pontos consolidados entre as várias vertentes e permitindo uma maior
liberdade de pensamento e ação dentro e fora do partido.
Se unir a uma sigla, como o DEM, citado na sua pergunta, seria algo
adequado somente a quem tem algum viés ideológico de centro ou
centro-esquerda, dependendo da região, e claro, que seja liberal. Nesse
caso, creio ser melhor rever conceitos, porque direita não é sinônimo de
liberalismo, às vezes, pode ser exatamente o contrário, vide conceitos
da Revolução Francesa, algumas tendências anarco-capitalistas e outras.
Além disso, se unir a outra sigla significa manter-se em meio a uma
política que funciona do mesmo jeito (tanto faz a sigla,
estatutariamente o funcionamento de praticamente todas é igual, com
pequeníssimas variações, foi feito um estudo disso), recair nos mesmos
vícios tão condenados na política e não ter a chance de mudar algo. As
estruturas partidárias do Brasil foram feitas para não funcionarem, e
por isso funcionam perfeitamente ao seu objetivo, não é o que
pretendemos, então uma estrutura engessada como as que existem não é
algo interessante. Pode ser mais fácil se unir a algo que já existe,
claro, até porque realmente a lei brasileira tem todos os empecilhos
possíveis para que pessoas comuns possam fundar uma sigla, é muito mais
difícil este caminho, mas é o mais certo a nossas convicções, e não é
impossível. Ao propor-se uma nova sigla, é evidente que tentar se unir a
outras não é a intenção e nem mesmo funcionaria, este é um ato que
denota a opinião de que nenhuma das siglas existentes representa
adequadamente o pensamento que se quer exprimir na democracia.
LB: Agora é o momento de polemizar. Uma pergunta que deixa a maioria dos
partidos suando frio: Qual é o posicionamento da ARENA frente à atual
política de cotas nas universidades?
Segundo o programa partidário, claramente, somos contra quaisquer
tipos de cotas. O partido entende que todos os seres humanos devem ser
igualmente valorizados, e isso é uma forma de preconceito, porque
ninguém tem menos capacidades que outrem, e além disso, isso é uma
estratégia do governo que demonstra a falta de estrutura no país para
capacitar as pessoas, no ínterim da pergunta, a educação do país em
bases tem que ser melhorada, para todos, e não se criar cotas para as
pessoas menos abastadas para tapar o sol com a peneira, mas pro governo,
sai mais barato dar cotas e deixar pessoas não qualificadas o
suficiente, por sua culpa, se formarem, do que investir em qualidade de
educação básica.
Em termos mais ideológicos, observa-se que além de essas políticas serem mais agressivas que o Apartheid da
África do Sul (inclusive a mim comentado por um intercambista de
mestrado que lá reside quando tocamos nesse assunto há alguns anos),
esse tipo de política é nada mais que um novo tipo de classismo criado
pela esquerda, atrito social e preconceito criado para tornar a
sociedade caótica, desrespeito ao ser humano, à dignidade da pessoa
humana, como tão alardeado na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
entre outros diplomas legais e doutrinas.
LB: Então você estaria acusando a esquerda de querer provocar uma guerra de classes/ racial?
Sim.
Afinal, o que seria a esquerda sem o que eles
chamam de 'burguesia'? A esquerda vive de atrito social, se as pessoas
realmente tiverem um ambiente democrático e com oportunidades, não
haverá mais nenhuma 'marcha dos oprimidos' para que eles possam oprimir
mais ainda por ideais duvidosos. Um bom exemplo de como funciona essa
sistemática é a obra literária 1984 de George Orwell, onde sempre é
necessário haver uma guerra, um inimigo em comum para unir massas e
manobrá-las ao bel prazer de um governo que preza pela ideologia do
poder. É fácil observar este fenômeno no Brasil, já que estamos no
governo dos então se tornaram uma burguesia nos termos de dialética de
esquerda, porém, dada a quantidade de atritos sociais, não há a
percepção da sociedade quanto a essa camada privilegiada de políticos.
Talvez um exemplo mais moderno dessa situação em prática seria o
que ocorreu no Paraguai, em que a velha história de que ser de esquerda é
ser do contra, contra qualquer coisa, já que o procedimento de
impeachment foi feito seguindo o rito constitucional (não me cabe dizer
se justo ou não, não sou paraguaia - mas pelo menos dentro da
legalidade), mas como os EUA foram favoráveis a esquerda foi contra
alegando golpe, porém em contraponto, o regime ditatorial da Líbia
enquanto aliado dos EUA era considerado terrível, porém ao haver uma
comoção contrária por parte desta nação, considerada pela esquerda como
imperialista, a Líbia passou a ser tratada, bem como Kadafi, como uma
nação democrática sendo espoliada, ou coisa que o valha. Marx explica:
Luta de Classes, e esse conceito é tão abrangente que pode ser aplicado a
praticamente tudo. A esquerda cria atrito social dentro do Brasil
porque a postura baseada em luta não faz sentido se não se tem qualquer
coisa contra o que lutar, seja isso certo ou errado.
/EntrevistaOFF
E, por enquanto, pelo menos, é isso. De uns tempos para cá, Cibele ficou muito atarefada, ou talvez muito importante, para responder minhas perguntas. Mas eu preciso ressaltar que ela foi cortês, gentil e uma boa esportista durante toda a entrevista, e, espero, não desistirá de responder o resto das perguntaspor causa de uma ou duas comparações maldosas. Não, aquela pessoa lá em cima não é o Ozzy Osbourne, é ela mesmo.
Franco Alencastro está ficando sem ideias do que botar aqui.
Cibele Baginski, tu és uma retardada mental ou uma aproveitadora salafrária.
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